Olá, meu nome é Fernanda, sou psicóloga, trabalho no Hospital Santa Rita e estou aqui para aproveitar o mês e sua campanha, Setembro Amarelo, para falar da prevenção ao suicídio.
Por mais que esse assunto carregue preconceito e dor, e por mais que muito ainda não queiram falar e ouvir a respeito, ele continua acontecendo e continuará enquanto não falarmos sobre.
Falar sobre o suicídio não é uma forma de incentivar, mas retirar estigmas que com frequência carregam julgamentos e dessa forma não deixam circular a informação correta.
Quanto mais falarmos sobre o suicídio, saberemos o jeito certo de abordar, de ajudar e reconhecer os sinais de alerta em si ou em alguém próximo, o que já é um grande passo.
De forma equivocada, muitos acreditam que a pessoa tirou a vida por um único motivo. E a verdade é que foi por uma soma de fatores, e o objetivo dessa pessoa com o comportamento suicida não é acabar com a sua vida, e sim, acabar com o seu sofrimento.
Mediante a isso, não podemos negligenciar números tão elevados. Uma média de 3 mil pessoas suicidam por ano no Brasil, e esses números cresceram durante o período da pandemia. Por quê?
Na pandemia, as diferentes perdas, sejam elas pela falta de emprego, de liberdade ou a perda de entes queridos, agravaram os problemas de saúde mental, ocasionando um crescente n´mero de tentativas de autoextermínio, até o suicídio efetivo.
A resposta é: devido à vulnerabilidade. Quem tenta suicídio tem uma gama de comportamentos que estão prejudicados pela doença mental, sejam elas: genéticas, fisiológicas, uma violência na infância ou estressores psicossociais.
Segundo a Associação Brasileira de Estudo e Prevenção do Suicídio, há 3 principais causas: o desespero, o desamparo e a desesperança.
Ou seja, a pessoa com pensamento suicida se sente fracassada, com desesperança quanto ao futuro, perda pelo gosto de viver e do que antes sentia prazer em realizar.
O suicídio, embora seja um choque para as pessoas próximas, não ocorreu do dia para noite. Ou seja, o comportamento suicida teve uma progressão, que caracteriza desde o pensamento de morte, as ideias suicidas, o desejo de morte, uma motivação (como gatilho, ou situação que ocasione a ação).
Isso tudo vai caminhando para a criação de um plano propriamente dito, evoluindo gravemente para a tentativa por atos impulsivos ou não.
Se não houver algum impedimento, ou se não for detectado e tratado, infelizmente chegaremos ao suicídio consumado.
Por esse entendimento, ressalto a seguinte frase: “suicídio não é escolha, é sintoma de gravidade de uma doença. Então, o suicídio se previne”.
Afinal, 90% dos suicídios podem sim ser prevenidos. Se notarmos diferenças em algum colega ou familiar, questione, ofereça ajuda sem julgamentos.
Isso não é incentivar o suicídio, e sim, dar abertura para que a pessoa fale. Procure a ajuda de um profissional: psiquiatra ou psicólogo.
E se não conseguir falar a respeito com alguém próximo, conte com o apoio emocional e prevenção ao suicídio, CVV (Centro de Valorização à Vida). É uma central de atendimento 24h voluntária e gratuita para as pessoas que querem e precisam conversar sob total sigilo pelo telefone 188.
Aproveite a oportunidade e converse agora mesmo com as pessoas próximas a respeito. Agir dessa forma salva vidas! Um grande abraço e cuide bem das suas emoções.